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Ataxia: Relatos de nossos terapeutas sobre a aplicação do método

Os terapeutas de Self-Healing freqüentemente tem vivências marcantes e comoventes em seu trabalho;  às vezes elas se relacionam a insights acerca da própria trajetória ou da técnica, às vezes consistem em progressos conquistados pelos pacientes ao longo do tratamento.  Este espaço se destina a depoimentos desta natureza que são profundamente enriquecedores para todos nós.Terapia da determinação (por Wilson Garves- Praticante/Educador em Self-Healing)

Quando iniciei minha formação em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos, mal sabia que estaria começando um processo de descobertas que mudaria minha visão acerca do potencial humano e de sua capacidade regenerativa.Logo no primeiro dia de aula me encontrei com aquela que seria a fonte de minhas principais inspirações e descobertas. Beatriz Nascimento, terapeuta ocupacional, professora, portadora de uma doença chamada Distrofia Muscular Progressiva. Sua maior marca: determinação prática por manter-se saudável, que resultou numa mobilidade física surpreendente, apesar do prognóstico em ter braços e pernas com movimentos limitados. Enquanto aprendia com esta professora algumas das técnicas que hoje aplico na reabilitação física dos meus pacientes, tomava contato com o seu jeito cativante de ensinar. Percebi que seus gestos e palavras eram acompanhados da emoção de quem havia experimentado o saber no próprio corpo.

A técnica pela técnica é algo que pode ser ensinado por qualquer profissional habilitado. Mas quando aprendemos com alguém que lutou pelo saber – e venceu -, assimilamos que não podemos desistir diante das dificuldades. A vida vale a pena; temos que acreditar e lutar por ela.

Beatriz me ensinou que curar e ser curado se resume em conhecimento, persistência, fé e amor.

Wilson Cezar Garves (email: wgarves@terra.com.br)


Relato sobre 3 casos de Ataxia numa carta a um médico que pediu informações ao site. (por Ana Paula Figueiredo – Praticante/Educadora em Self-Healing)

Caro Dr Walter:

Acredito que  realmente o método Self-healing  tem muito a contribuir com o diagnóstico de ataxia cerebelar, escolhi  esses relatos como exemplos e estarei a seu dispor para  mais informações assim como detalhes do programa individual de trabalho desses e de outros casos.

Caso 1

Diagnóstico de Síndrome Machado Josef – Ataxia cerebelar tipo 3

Homem, 30 anos, cujo pai de 62anos  também é portador da doença e já não se locomovia mais , usava cadeira de rodas e sem controle dos esfíncteres, segundo o filho sua condição era ruim.

Ficou em tratamento durante 7meses, com uma sessão semanal com programa de exercícios diários.

Na avaliação inicial seu quadril era muito rígido e não tinha controle para andar, caía com frequência ,sua perna esquerda era mais comprometida, a musculatura era mais fraca em relação à direita.  Sua queixa era essa dificuldade para caminhar, além de tonturas,  nistagmo,  falta de comando{ sic: minha cabeça não compassa com o corpo}e fadiga.

Foi elaborado um trabalho de ensinar o cérebro a ajudar o cerebelo, primeiro conscientizando o andar caminhando de diferentes formas e direções para automatizá-lo, o pé foi no inicio o nosso primeiro desafio,  senti-los e usá-los de forma mais eficiente  para proporcionar maior equilíbrio e força no andar, é muito comum o paciente não saber que existe movimento em determinados dedos ou articulações;  eles deixam de usá-los por achar que estão paralisados e nem sentem-nos mais, ele tinha movimento nos dedos  que ele desconhecia,  trabalhamos  também pernas , quadris, tronco,braços e  cabeça .

Utilizei exercícios de coordenação motora e equilíbrio, combinados com respiração, e movimentos passivos, assim  como massagem neurológica ,que consiste num toque repetitivo num mesmo lugar para trazer mais consciência e condução nervosa ,alem de toque nos músculos e articulações .Os  exercícios visuais foram incluídos, como sabemos a visão tem colaboração importante no equilíbrio locomotor.

Nosso objetivo era aumentar a coordenação motora, ativando a conexão com o cerebelo, aumentar a força muscular e o  fluxo sanguíneo e neurológico para o corpo. É um trabalho de duas vias, na medida em que ele vai tendo mais consciência do seu próprio corpo, conseguindo comandá-lo, ele vai tendo mais controle dos movimentos em geral, percebemos que seu quadril se movimentava com mais amplitude e leveza e maior facilidade para caminhar. As quedas diminuíram, ele conseguiu comandar mais suas ações voluntárias e a aprendeu a administrar o stress na sua vida  profissional ,é jornalista   com  jornada de 10 horas diárias. Ele próprio relatou que quando se sentia relaxado observava que os sintomas diminuíam.

Foi um trabalho bem sucedido , nosso objetivo foi atendido , ele sentia a melhora durante a sessão e se esforçava para mantê-la no seu cotidiano, sei que isso com certeza o ajuda ate hoje; ele acessou dentro  si as ferramentas e aprendeu a utiliza-las consigo.

Caso 2

Mulher – 63 anos

Diagnosticada em 1997, há seis anos vem tendo alterações motoras, perda de movimento nos  Membros Inferiores.

Em 2003 andava com andador e sua queixa era a dificuldade para andar e escrever ou segurar a caneta.

Sua voz também era alterada, e tinha muita fadiga para executar as atividades do dia a dia,  era independente em casa, conseguindo trabalhar no computador, sua profissão é arquitetura e a realiza em casa.

Apresentava muita rigidez nos quadris e pernas.

Iniciamos com movimentos corporais, massagens, exercícios de coordenação motora, exercícios na água , visualizações e exercícios respiratórios.

Nas primeiras sessões ela relatou sentir-se mais equilibrada e com mais controle motor, o  que persistiu durante o tempo em que a acompanhei

O trabalho consistiu em sessões semanais de 1h e 15 e tarefas diárias para serem executadas em casa.

Usamos recursos terapêuticos como bolas de variados tamanhos e textura para propriocepção de pés e articulações assim como bola grande para trabalhar equilíbrio, fortalecimento e alongamento.

Ela respondeu muito bem ao tratamento, conseguindo durante a sessão dar alguns passos sem o andador e começou a administrar melhor o stress, percebia que a fadiga diminuía,  andava melhor e conseguia realizar movimentos mais coordenados e sua fala  ficava mais clara .

Aprendeu novas posturas e teve mais autonomia no uso do andador quando necessitava.

Caso 3

Jovem 15 anos

Apresentava diagnóstico de Síndrome de Kearns Sayre, apresentando vários sintomas com lesão nos gânglios da base (calcificação) , movimentos de incoordenação e tremores nos membros inferiores e superiores e alteração da fala .

Esse caso era mais complexo, o nível de fadiga era muito alto dificultando a execução de alguns   exercícios  , mesmo assim durante e após a sessão era observada que a voz era mais clara,  o andar ficava mais firme e os dedos das mãos também tinham mais coordenação, ex.: conseguia segurar um objeto por mais tempo e com maior controle.

Em todos os casos foi utilizado o recurso terapêutico de exercícios dentro da água o que foi benéfico para todos.

Ana Paula Figueiredo (email: anapaula-figueiredo@ig.com.br)