Um velhinho (ou uma velhinha) de cabelos brancos, as costas acentuadamente curvadas, pernas que mal o carregam para frente, com uma bengala que tateia no ar, lábios virados para dentro pela falta dos dentes, olhos apertados para descobrir o caminho ou o rosto de quem se avizinha … Muitos velhos ainda há que cheguem à velhice com este retrato de si mesmos inscrito em seu corpo.
Ao envelhecermos perdemos alguma funcionalidade biológica, mas, se houver alguma perda incapacitante, será devida a algum tipo de enfermidade e não ao envelhecimento.
É possível chegar à velhice e viver nela com fôlego para andar, com bom equilíbrio e leveza, e sem corcunda. Assim, também, é possível ser velho (ou velha) tendo boa visão.
Aprendemos que a visão piora com a idade, que os olhos se cansam e que é “normal” usar óculos para corrigir uma falha “natural”. É como se nos dissessem que nossos músculos se cansam com a idade (não com o esforço) e, portanto, é natural que, a partir de uma certa idade, passemos a usar uma cadeira de rodas: de início, para descansarmos um pouco, de vez em quando; depois para sempre, porque nossos músculos se cansaram de vez.
Podemos cuidar de nossos músculos, para que eles fiquem disponíveis a uma vida saudável e prazerosa. Assim, também, podemos cuidar de nossos olhos, para que eles não se cansem, não se estressem e não se estraguem de vez, contraindo enfermidades que nos levem à visão subnormal ou à cegueira. O método Meir Schneider Self-Healing pode educar-nos para conseguir este valioso objetivo.
O livro “Uma lição de vida”[1]conta-nos a saga do jovem Meir Schneider para recobrar a sua visão, após ser declarado cego aos sete anos de idade.
“Nasci vesgo, com glaucoma (excesso de pressão nos olhos), astigmatismo (curva irregular da córnea), nistagmo (movimento involuntário dos olhos) e catarata (opacidade do cristalino). Em suma, eu era cego.”
Nos primeiro três anos de vida “tomei consciência da minha cegueira. Um mundo incômodo, tenebroso – sempre escuro. Muitos sons súbitos e inesperados. Raras vezes eu sabia onde estava. O mundo vivia cheio de superfícies duras e arestas agudas…”.
Tendo nascido em Lvov, na Ucrânia, aos quatro anos Meir emigrou com sua família para Israel, onde viveu até se tornar um jovem adulto.
Na adolescência, Meir foi apresentado por Miriam, uma bibliotecária que se interessava por saúde, a Isaac, um jovem de dezesseis anos, que o introduziu aos métodos de cura de dr. Bates (americano) e que o incentivou a recuperar a visão:
”Desenvolvendo o hábito de procurar coisas específicas onde elas deveriam estar, ativei gradativamente os olhos e o cérebro para o processo de ver. Durante dezesseis anos, eu aprendera a não olhar, a não ver, a não tentar encontrar coisa alguma…Ninguém, nem mesmo eu, acreditou que um dia eu viesse a enxergar….”
Miriam, a bibliotecária, continuava a estimular e a orientar Meir:
“Não existe pessoa completamente doente, como tampouco existe pessoa totalmente saudável. Existem apenas pessoas que se movimentam mais e outras que se movimentam menos. O movimento no corpo humano é contínuo. Quando ele pára, paramos de viver.”
Na praia, enquanto estava se exercitando, Meir encontra o velho Shlomo, com o qual aprende movimentos e alongamentos de ioga:
“Shlomo deu uma grande contribuição ao fundamento de minhas idéias sobre exercício e trabalho com o corpo. Eu tinha dezessete anos e ele, setenta e sete, e aprendi muito com ele. …Maravilhoso verão, que constituiu o clímax do ano mais importante da minha vida! Primeiro, Isaac me ensinou os exercícios para os olhos e predisse que eu enxergaria sem óculos. Depois Miriam me ensinou o movimento suave e a respiração. E agora Shlomo me mostrava estiramentos para soltar e fortalecer ainda mais o corpo.”
Ao longo de toda sua trajetória de cura, Meir interessou-se por muitas pessoas com os mais variados problemas “incuráveis” e que o procuravam para receber sua ajuda. Assim, aos poucos, orientando esas pessoas a se tratarem com exercícios, foi formulando um método de cura que chamou de autocura: o método Meir Schneider Self-Healing®. Após ter exercido sua terapêutica por vários anos em Israel, em 1975 mudou-se para San Francisco, na Califórnia, onde completou seus estudos e fundou o Center of Conscious Vision (Centro para a Visão Consciente) e um Centro-Escola de Self-Healing (1980). Neste centro ele prepara terapeutas especializados em seu método. Meir também forma terapeutas no Brasil, em cursos ministrados por ele mesmo e por Bia Nascimento, uma professora universitária de Terapia Ocupacional, brasileira, que controla seu problema de distrofia muscular graças ao método Self-Healing.
A quem tem algum problema de visão, Meir desvela:
“Os óculos não curam a visão fraca e não oferecem alívio para os olhos fracos. São, tão-somente, uma muleta que faculta aos olhos fazer um esforço para ler; ler o tempo todo de óculos é o mesmo que andar o tempo todo de muletas.”
E avia a melhor receita:
“Por pior que se apresente o seu estado, ou por mais deficiente que você seja, há em seu interior uma força poderosa que pode sempre curá-lo ou, pelo menos, melhorar sua situação.”
A presbiopia, ou “vista cansada”, é a condição de quem tem visão longínqua, tendo dificuldade de enxergar de perto. Ela é atribuída à idade, mas, de fato, decorre do mau uso prolongado dos olhos, o que faz com que eles fiquem estressados.
Normalmente, a presbiopia é corrigida com o uso de lentes, mas, como Meir[2] diz, ela pode melhorar após cerca de três meses de exercícios apropriados.
E quais são eles? Talvez você esteja pensando em algo exigente e complicado como subir montanhas tibetanas ou atravessar oceanos a nado ou, quem sabe, caminhar sob sol escaldante por desertos. Absolutamente! As orientações de Meir são singelas:
“nossos objetivos principais incluem tornar seu olho mais flexível, fazê-lo abandonar a sensação de estresse e esforço…e prover condições oculares mais favoráveis..”.
Os principais exercícios sugeridos por Meir são:
Um dia Miriam, a bibliotecária que iniciou Meir no caminho da recuperação de sua visão, disse a ele: “Os músculos da barriga da perna estão ligados à visão. Você sabe disso, não?” A partir dessa fala de Miriam, Meir percebeu que todo o corpo está envolvido no ato de ver (e com ele, todas as emoções) e que o trabalho corporal (exercícios e massagem) ajuda a melhorar a visão.
Você pode encarar de frente, usando esse método natural de cura, todo problema de visão, inclusive grave ou “incurável”, se fizer a experiência de sentir seu organismo modificar-se para melhor.
OUTROS ARTIGOS DO AUTOR
(Os últimos dois artigos devem ser requeridos ao autor: v.giulio@hotmail.com).
[1] Escrito por Meir Schneider e publicado em português pela editora Cultrix (SP)
[2] Manual de autocura, vol. I e II, escrito por Meir Schneider e Maureen Larkin com Dror Schneider, editado em 1999 em São Paulo pela Editora Triom (ver capítulos sobre visão).
[3] A Associação Brasileira de Self-Healing coloca à disposição dos interessados um cd com os principais exercícios de visão orientados por Bia do Nascimento (www.self-healing.org.br)
Por Giulio Vicini, e-mail: v.giulio@hotmail.com.
Mestre em Gerontologia, Psicólogo, Self-Healing Massage Practitioner/Educator, autor do livro “Abraço afetuoso em corpo sofrido – Saúde integral para idosos”, editado por SENAC-SP.